domingo, 6 de janeiro de 2013

Aeromóvel

Em 1982, quando me mudei para Porto Alegre, um projeto futurístico chamou a atenção: o aeromóvel




O aeromóvel é um veículo movido a ar, automatizado em via elevada, idealizado e patenteado por Oskar Coester no final da década de 1970. Em 1983, uma linha piloto de testes chegou a entrar em operação, mas burocracia, política ou simplesmente desconfiança da viabilidade do projeto impediram a implementação comercial em sua cidade de origem. Contudo, o projeto atraiu a atenção do governo da Indonésia, onde foi construída com sucesso uma linha circular no interior de um parque ecológico situado em Jacarta, sua capital, no ano de 1989. 

O aeromóvel não é um substituto dos atuais modelos de transporte público. É um adicional que pode ajudar a minimizar os problemas de locomoção nas grandes cidades. Mas com vantagens ecológicas inegáveis sobre outros modelos de VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) e que foram concisamente enumeradas por José Netho, político em Goiânia numa entrevista ao Jornal Opção:


"Primeiro ponto: com o dinheiro que se pretende investir no VLT, apenas no Eixo Anhanguera, daria para fazer os dois Eixos (Anhan­guera e Norte-Sul). Isso porque seu projeto de implantação do aeromóvel custa a metade. Uma segunda vantagem: o aeromóvel não ocupa a via, já que se desloca sobre trilhos suspensos em colunas. Terceiro argumento: é todo pré-moldado, o que facilita sua instalação e evita desapropriações e interdição do trânsito. Quarto ponto: se o gerente do trânsito entender que é necessário, pode cortar muitos semáforos, porque é um veículo que vai passar sobre a via. Quinta vantagem: cada vagão pode levar até 500 pessoas e cada aeromóvel pode ter até três vagões, transportando até 1,5 mil pessoas em cada viagem. Sexto motivo: é um veículo que não polui, porque é movido a ar comprimido. Sétimo ponto: justamente por causa do ar comprimido, os bolsões que se formam entre as unidades de aeromóvel evitam a aproximação entre elas — em 23 anos de funcionamento na Indonésia nunca houve um acidente sequer. Oitavo: no espaço abaixo das colunas do aeromóvel, poderemos construir ciclovias e resolver outro problema de mobilidade. Nono motivo: o aeromóvel tem velocidade regulável, mas pode atingir até 240 km/h. Décimo motivo: o custo de manutenção é de 10% do custo do VLT; por exemplo, os trilhos em que ele circula duram cem anos, enquanto outro veículo, como o BRT, precisa trocar 30 pneus a cada 30 mil quilômetros. Vantagem numero 11: é uma tecnologia nacional, de uma empresa do Rio Grande Sul, bancada pelo BNDES e pelo governo federal, e está dentro dos padrões do PAC da Mobilidade. A tecnologia do aeromóvel foi elaborada por ex-engenheiro aeronáutico da Varig e, por isso, é baseado em se­gu­rança de avião, é um veículo al­ta­mente confiável." (grifos meus)

Há mais. Além de não emitir gases na atmosfera, pois os motores que propulsionam o ar comprimido utilizam corrente alternada de baixa tensão e potência para acionar mecanicamente os sopradores, ele é silencioso, porque estes mesmos motores encontram-se fora do veículo, em módulos facilmente isoláveis. E por ser leve, não exige grandes colunas de concreto, diminuindo também o impacto visual, além dos já mencionados custos de instalação.

O aeromóvel não é uma utopia. É uma realidade, em funcionamento em Jacarta, Miami e Chicago (com patente brasileira) e que em breve estará funcionando em Porto Alegre, sua "cidade natal", por conta das obras de preparação para a Copa do Mundo.

Minha utopia, contudo, seria um aprimoramento desta tecnologia. Imagino um veículo bem menor, um "charutinho" com capacidade para, digamos, dez ou quinze pessoas, numa fila de assentos única, e duas portas, uma de entrada, outra de saída, como em nossos ônibus. Este mini-aeromóvel circularia nas regiões centrais, ligando edifícios de mais de sete andares, prédios com grande movimentação (bancos, serviços públicos, restaurantes, etc.) diretamente acima do solo, A linha seria circular, com veículos movendo-se numa direção única, a cada cinco minutos.  As pessoas embarcariam na altura do sétimo ou décimo andar (ou mesmo da cobertura), deslocando-se de um edifício ao outro sem precisar descer até a rua. O embarque pela calçada também poderia ser possível através de uma estação tubular em vidro com um elevador. Estacionamentos de carro ficariam em locais afastados e uma linha de mini-aeromóvel levaria as pessoas diretamente para dentro dos edifícios.

Este sistema diminuiria o número tanto de carros como de pedestres nas ruas dos centros urbanos, sobretudo em dias úteis. E não haveria necessidade de destruir nenhuma edificação pré-existente. Bastaria construir as estações de embarque pelo lado de fora dos prédios. Finas colunas de concreto ficariam acima do cordão da calçada, tirando um espaço mínimo da rua, que ficaria mais liberada até para outros transportes alternativos como bicicletas elétricas ou tipo segway.

Como minha idéia de cidade do futuro está mais para Gondolin ou Rivendell, Cidades dos Elfos de Tolkien, do que para a cidade dos Jetsons, este recurso deixaria a cidade com uma aparência "espacial" bem longe do meu agrado. Mas isto seria exclusivo dos centros urbanos já adaptados a um visual semelhante. Além do que, há opções. Na utopia da utopia, o mini-aeromóvel poderia ser cercado por "muretas" nos trilhos (feitas de cimento misturado com flocos de isopor reciclado), levíssimas, com grama ou flores rasteiras, como jardineiras nas janelas, deixando a aparência menos robótica e mais ecológica (e muuuito mais bonita!!)


Outros links relacionadosCoesterAeromóvel JacartaCidades e Soluções.


(fonte imagem:http://www.subsoloart.com/)

sábado, 22 de dezembro de 2012

Apresentação

Utopias inspiram. Distopias também.

Por isso, acredito que seja melhor nos concentrarmos no mundo que queremos construir, ao invés do mundo do qual realmente não gostamos.

Não que não possamos observar realística e objetivamente o que se passa ao redor, ou apontar os problemas que desejamos ver solucionados. Mas é que colocamos energia demais no que não queremos ver por aí. Pode ser uma boa forma de catarse, mas não ajuda muito a encontrar soluções.

E se soluções forem o que estivermos procurando, a melhor maneira é ir atrás delas.

A medicina oriental tem uma abordagem diferente da ocidental. Eles buscam aumentar a saúde, ao invés de simplesmente combater as doenças. Parece a mesma coisa, mas não é. Pessoalmente, acho que ambas as abordagens são necessárias e complementares, mas, hoje em dia, a visão catastrófica, pessimista ou descrente é a que mais vem se multiplicando.

Não sou diferente de ninguém. Minha tendência é a da maioria, ou seja, criticar e ficar desencantada com os problemas criados por nossa sociedade. Faço um esforço muito grande e consciente pra mudar isto e este blog faz parte das minhas tentativas para procurar visualizar e acreditar na possibilidade de mudanças positivas para nosso futuro, que só acontecerão se as iniciarmos no presente.

Quero destacar as idéias que me agradam, sejam elas minhas ou de outrem. E compartilhar com quem estiver interessado.

Esta é minha primeira utopia: mais utopias -  visões criativas, positivas, sustentáveis, ecológicas e humanas.




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